novo cantinho


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i'm done






Desta vez, eu vou ser tão ou mais egoísta que todos os outros. E entende, não o faço por presunção, ou por uma tentativa desmedida de me autoafirmar. Faço-o simplesmente porque já não tenho capacidade de cuidar de todos os outros, quando sei que ninguém está lá para cuidar de mim. Não sou capaz de ignorar as batidas trémulas do meu coração, ou os sufocos que me pesam no peito. Desta vez, e pela primeira vez na minha vida, vou fazer com que seja sobre mim. Só sobre mim. Porque a verdade, aquela que vocês preferem ignorar num desmedido conforto, é que estou tão estragada como vós. E isso é tão certo como o sabor da desistência que neste momento dança na minha boca. 

até já.






Sabes, pequena, nunca gostei muito de despedidas. Nunca gostei daqueles abraços apertados com sabor a saudade, das palavras vagas de quem quer dizer tudo à última da hora, e muito menos da dor esculpida nos olhos das pessoas.  Afinal, as despedidas não são nada. São apenas pequenos instantes de tempo em que nos apercebemos que, mesmo contra a nossa vontade e desejo, o tempo que tínhamos com aquela pessoa acabou. Que, não importa aquilo que façamos, já não existe um “até já” no fim do dia, ou um “até logo” despreocupado. A única coisa que existe é um intermitente “até a um dia” que não sabemos quando, e como poderá chegar. Por isso pequena, quando o dia que tanto tememos deixar de ser apenas uma ilusão que nos tira as noites de sono e passar a ser tão real que lhe conseguimos distinguir os contornos, quero que olhes para mim e percebas que nunca serei um “até um dia” carregado de mágoa, e muito menos uma despedida de abraços apertados. Por muito impossível que possa ser, quero que me prometas que olharás para mim como um “até já” verdadeiro. Um daqueles tão certos e autênticos que jamais poderá ser quebrado. Porque assim pequena, eu tenho a certeza que os dias custarão muito menos a passar, e que a dor que iremos sentir poderá ser acalentada por alguma certeza mais calorosa. A certeza de que, não importa o que aconteça e não importa onde estejamos, teremos sempre um “até já”. 


always and always, bby girl.

they don't understand.





“ – Tens de admitir que tens um problema de comunicação, C. Fechaste sempre no teu mundinho, e não queres saber de mais nada. Sinceramente, não percebo porquê.”


E mesmo depois das lágrimas, que tento a todo o custo disfarçar, me assolarem aos olhos marcados de mágoa, eles continuam sem perceber. Encaram-me como se por magia, eu pudesse acalentar a sua falsa preocupação com uma resposta esclarecedora, e continuam sem perceber que dói. Não aquela dor passageira que nos confunde os sentidos, e nos deixa ligeiramente mais cansados. Não. É mais aquela dor sufocante que nos corta a respiração e nos deixa completamente desnorteados. Aquela dor que nos faz soluçar baixinho contra a almofada sempre que a solidão nos permite por a máscara de lado, e que por mais que tentemos camuflar, simplesmente é capaz de desaparecer. Essa é a mais traiçoeira, aquela que os outros não são capazes de entender. Acabam sempre por se queixar do nosso humor, sempre que nos permitimos, por momentos, fingir que ela não existe, e nós acabamos a fingir de novo. Empunhamos o nosso melhor sorriso, e atribuímos o mau humor a uma noite mal dormida, mesmo quando o coração está tão apertado que parece que nos impede de respirar. Nós sorrimos, e eles ignoram mais uma vez. Afinal, é mais fácil ouvir um “está tudo bem” camuflado de mentiras, do que um “está tudo mal” cheio de desabafos que ninguém espera realmente ter de enfrentar. No entanto, por mais que o tempo que nos tenha obrigado a aperfeiçoar o nosso talento, a máscara nunca é perfeita. Existem sempre ténues rachadelas que, de vez em quando, quando te encontras demasiado cansada para as tentar disfarçar, te obrigam a fechar-te em ti próprio e a esquecer os outros. E aí, segundo eles, a culpa será tua. Afinal, o teu único acalento é teres um problema de comunicação.



end.




É o fim do jogo e mais uma vez, perante mim, só permanecem estilhaços. Fragmentos de ilusões que se apoderaram de mim, me viciaram os sentidos e me fizeram acreditar em algo verdadeiro. E eu gostava que entendesses. Mesmo que os meus lábios não dessem voz às palavras necessárias, gostava que fosses capaz de me olhar nos olhos e capturar aquilo que não sou capaz de te dizer. Porque eu não o vou fazer. Não por cobardia, ou falta de audácia, mas sim porque agora, até a mais misera efemeridade deixou de fazer sentido. E o fim do jogo… Esse revela-se tão tenebroso para um de nós, que me pergunto se algum dia serei capaz de retirar todo o negrume que se apoderou da minha tez. É que agora, que tudo é claro e lúcido, sou capaz de encarar a verdade com tanta transparência, que a minha própria essência se retraí com a pureza. E isso é tão pungente como a certeza de que o fim, esse é apenas meu.