they don't understand.





“ – Tens de admitir que tens um problema de comunicação, C. Fechaste sempre no teu mundinho, e não queres saber de mais nada. Sinceramente, não percebo porquê.”


E mesmo depois das lágrimas, que tento a todo o custo disfarçar, me assolarem aos olhos marcados de mágoa, eles continuam sem perceber. Encaram-me como se por magia, eu pudesse acalentar a sua falsa preocupação com uma resposta esclarecedora, e continuam sem perceber que dói. Não aquela dor passageira que nos confunde os sentidos, e nos deixa ligeiramente mais cansados. Não. É mais aquela dor sufocante que nos corta a respiração e nos deixa completamente desnorteados. Aquela dor que nos faz soluçar baixinho contra a almofada sempre que a solidão nos permite por a máscara de lado, e que por mais que tentemos camuflar, simplesmente é capaz de desaparecer. Essa é a mais traiçoeira, aquela que os outros não são capazes de entender. Acabam sempre por se queixar do nosso humor, sempre que nos permitimos, por momentos, fingir que ela não existe, e nós acabamos a fingir de novo. Empunhamos o nosso melhor sorriso, e atribuímos o mau humor a uma noite mal dormida, mesmo quando o coração está tão apertado que parece que nos impede de respirar. Nós sorrimos, e eles ignoram mais uma vez. Afinal, é mais fácil ouvir um “está tudo bem” camuflado de mentiras, do que um “está tudo mal” cheio de desabafos que ninguém espera realmente ter de enfrentar. No entanto, por mais que o tempo que nos tenha obrigado a aperfeiçoar o nosso talento, a máscara nunca é perfeita. Existem sempre ténues rachadelas que, de vez em quando, quando te encontras demasiado cansada para as tentar disfarçar, te obrigam a fechar-te em ti próprio e a esquecer os outros. E aí, segundo eles, a culpa será tua. Afinal, o teu único acalento é teres um problema de comunicação.



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